segunda-feira, 3 de maio de 2010

Eu sou o Poder - Pedro Abrunhosa

Um homem diz pra outro homem
Que aquilo que tem já sabe a pouco,
E a gravata aperta a garganta
E um olhar de louco
E há outro que vem com uma bengala
E entra na sala,
Bate no chão,
E sai-lhe da mão
Um ódio rouco.

O Diabo pergunta:
“O que queres tu comer?”
E ele responde:
“Quero Poder e tudo que houver
Para além de ti,
E são muitos que querem, que sabem,
Quem eu sou aqui.”
E com isto desapareceu
No fumo.

Não tenho tempo a perder,
Eu sou o Poder.

Um homem diz pra outro homem:
“Eu vou ser original!”
E tudo o que escreve
Como o que diz vem no jornal.
“Esta cidade enquanto se esconde,
Enquanto não morde, enquanto que dorme
É um leão sem cabeça,
É um sítio banal!”

O Diabo volta a perguntar:
“Que queres tu mais,
Que posso dar pra te saciar?”
“Talvez o deserto,
Talvez o Universo,
E se eu fosse perverso
Talvez o medo que há no ar.”

Não tenho tempo a perder,
Eu sou o Poder.

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